css'/> Livro Plantado: As Memórias de um Sargento de Milícias

As Memórias de um Sargento de Milícias

12 de novembro de 2016



Autor: Manuel Antônio de Almeida
Editora: Penguin e Companhia das Letras
Páginas: 272
ISBN: 9788563560728
Onde encontrar: Amazon

Sinopse: Publicado em 1854, Memórias de um sargento de milícias ocupa um lugar muito especial entre os romances brasileiros do século XIX. Escrito numa época em que a ficção de folhetins era sinônimo de idealização romântica, Manuel Antônio de Almeida rompeu o ciclo de heróis e heroínas e suas aventuras amorosas para narrar o cotidiano das classes populares, suas desventuras e seu anti-herói por excelência: o malandro. Leonardo, seu protagonista, nada tem em comum com os heróis românticos da época. Desde muito cedo deu as costas para a vida acadêmica e religiosa para desfrutar do ócio. Não sofre remorsos nem dores de amor, e quando é feito sargento se identifica mais com a malandragem do que com as forças da ordem. Com sua narrativa centrada nos homens livres, mas despossuídos, do Brasil dos tempos de d. João VI, este romance pioneiro oferece um panorama cômico e precioso do modo de vida e da moralidade incrivelmente adaptável de um país ainda em construção.

   Esse é um exemplo do porquê releituras serem tão importantes na vida de um leitor. Li esse livro há uns anos, aquela coisa da obrigação pelos professores. Foi muito ruim, detestei o livro, toda vez que ia ler um clássico brasileiro ficava na mesma neura de não entender nada do que estava lendo. Ainda bem que crescemos e vamos adquirindo maturidade em muitas coisas, inclusive na leitura.
   Desta vez eu amei a história, a escrita, os personagem... Esse livro virou um caso de amor. Uma história muito divertida e muito bem construída, do tipo que te conduz com muita facilidade. 

    Narra a vida do Leonardo até ele se tornar um sargento de milícias. Filho do Leonardo-Pataca e Maria das Hortaliças, diversas vezes no livro Leonardo é lembrado como resultado de um pisadela e um beliscão, fato ocorrido entre seus pais e assim que se conheceram durante uma viagem de Portugal para o Brasil. 
     A vida de Leonardinho sofre uma reviravolta, a mãe foge com um capitão de navio para o país de origem e o pai o abandona. Vai morar com o padrinho, uma das poucas pessoas em que não implicava com o garoto. 
    O compadre(padrinho),cria várias expectativas sobre ele, investe até na formação de padre, mas a astúcia já estava no sangue do personagem, fazendo com que vá contra tudo da forma mais engraçada possível o que se esperava que ele fizesse. Sendo assim, Leonardo é um anti-herói, não tem nada a ver com os personagem idealizados de obras da mesma época em que essa foi publicada, é o típico malandro.
    Podemos conhecer suas travessuras, seus amores, rivalidades, desilusões, pessoas que o rodeava, suas vitórias, os costumes de sua época etc. Há a personagem fofoqueira, o mentiroso, o bravão, o endinheirado, o esperançoso, a mocinha...E uma coisa sutil mas que me chamou atenção é a relação de amizade que se cria entre alguns desses personagens e a proximidade/intimidade entre as pessoas, dá aquele sentimento de comunidade interiorana.
"Quando certas amizades são uma vez interrompidas, tendo mesmo sofrido um leve estremecimento, é difícil que voltem depois ao estado primitivo; com outras amizades acontecem, porém,o inverso: os estremecimentos aproveitam, porque é fácil a volta da paz, e parece que depois disto se tornam mais estreitas."  
     Originalmente a obra foi publicada em forma de folhetim semanal, então os capítulos são curtos e diretos, o que não deixa a leitura cansativa. O autor usa expressões populares da época, o que pode interferir no entendimento de algumas passagens, mas não interfere na compreensão da história. 
    Manuel Antônio de Almeida vai contra padrões literários da época, não tenta maquiar a realidade, nos mostra como ela era, sendo um realista no meio de romancistas.
    Traz também um relato importantíssimo sobre a sociedade da época, principalmente a classe de pessoas livres e pobres do Rio de Janeiro. No personagem do Major Vidigal, podemos visualizar os tipos de leis e regras que eram estabelecidas, as autoridades e como estas abusavam do seu poder para atender seus próprios caprichos, o que ainda prevalece na atualidade. 
      

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