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A Desumanização

17 de outubro de 2016

Autor: Valter Hugo Mãe
Editora: COSAC NAIFY
Páginas: 224

ISBN: 8540506548
Onde encontrar: Amazon

Sinopse: A desumanização se passa na paisagem inóspita dos fiordes islandeses. Narrado por uma menina de 11 anos que nos conta, de maneira muito especial, o que lhe resta depois da morte da irmã gêmea, o livro é feito de delicada melancolia e extrema beleza plástica.
                              


Halla tem onze anos quando perde sua irmã. Habitante de um lugar ermo da Islândia e agora filha única, já podemos imaginar como a narrativa se desenvolve de forma soturna. 

A ambientação que o livro constrói e pela noção que se tem do país em que a história ocorre, nos faz imaginar um lugar frio, com campos verdes e montanhas rochosas, mas que pelos elementos mitológicos que o autor insere, o fogo torna-se um elemento, ao mesmo tempo, contrário e consonante, complementar. Assim como a capa, a atmosfera, tanto das condições climáticas, quanto das relações soa de forma acinzentada. 
"Poderia ser que brotasse dali uma rara árvore para o nosso canto abandonado nos fiordes."
Nesse local, que a irmã menos morta, como é chamada, nos conta como sua vida se desenrola após a morte de Sigridur, a irmã plantada. A narrativa além de demonstrar a situação da personagem principal, nos mostra através da visão dela como cada pessoa reage com a perda de alguém querido.

Halla, se sente incompleta e só, já que a Sigridur era praticamente a única criança da redondeza em que podia brincar e conversar, sem falar o fato de serem irmãs e acima de tudo, gêmeas. No decorrer do livro, com exemplos e emoções da personagem, fica clara como essa ligação era forte, emocionalmente e fisicamente. Seu pai, envolve-se cada vez mais com a poesia e sua mãe é representada como uma pessoa má, com rancores e culpa.
"Repeti: a morte é um exagero. Leva demasiado. Deixa muito pouco. Começaram a dizer as irmãs mortas. A mais morta e a menos morta."
Trata também de questões como o amadurecimento da narradora. O livro não se baseia apenas no sofrimento pela morte de Sigridur, no decorrer da história há outras experiências vividas por Halla, seus pais e pessoas próximas a ela que contribuem para sua adultez precoce.  
"Talvez a tristeza fosse um modo de envelhecer. A tristeza colocara os meus pais e as coisas todas a envelhecer. Dizia-me que era possível. O tempo também se conta pelos desgostos. Explicava isso. Respondi: se fosse assim, eu teria cem anos. Estaria muito velhinha."  
Desde a primeira página do livro percebe-se a valorização de forma poética que Valter Hugo Mãe dá a fatos que poderiam passar despercebidos. Tanto é, que no próprio livro me senti contemplada com a fala de Halla:
"Senti uma felicidade muito triste naquele instante."
Felicidade em ler um livro tão bem escrito e triste por muitas vezes sentir o que o personagem sente. 

Pra mim, esse livro pode ser resumido em algumas palavras: solidão(enquanto a própria forma de desumanização), Islândia, mitologia, amadurecimento e poesia. 

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